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Monday, December 24, 2007

PREVISÕES PARA 2008

O ano de 2008 tem uma agenda de arrepios pulsantes. Reforma tributária fantasmagórica, eleições municipais, eleição presidencial americana, a entrada da Venezuela no Mercosul, as olimpíadas de Pequim, crise financeira internacional, desaceleração econômica e inflação estão no cardápio da degustação de tempero saliente.

A DITADURA DOS IMPOSTOS

Em que pese a CPMF ter sido extinta no apagar das luzes de 2007 e a oposição à base alienada do governo ter encontrado uma bandeira para se comunicar com a sociedade civil brasileira, a ditadura dos impostos continuará a torturar os brasileiros em 2008. Não haverá reforma tributária na forma desejada pelos contribuintes. O Executivo, a exemplo do que fez na edição da Emenda Constitucional nº 42, tentará aumentar alíquotas de tributos como o IPI ou Confins, sob o mantra de que precisa compensar as perdas do imposto sobre cheque. Mentira: o governo quer manter o aparelhamento do Estado, os gastos perdulários, a corrupção e os apadrinhamentos políticos. O Supersimples virou Superarrecadação. A SuperReceita virou SuperCarrasco – as empresas continuarão a expender horas e horas para fornecer as papeladas ao INSS e à Receita, quando, se não fosse subjulgado pela burocracia federal, poderiam faze-lo racionalmente para um só. A metamorfose continuará, pois, em 2008.

O DRAGÃO DA INFLAÇÃO

O Presidente diz que não gosta de PACotes. Então, tá. Qual será o nome das medidas para combater a inflação? IGP-10 fecha 2007 com alta de 7,38% - feijão sobe 150% no ano!! Em 2008, o IGP-10 registrará taxa de inflação anual de DOIS dígitos, em razão de os preços das comodities, a demanda interna, os reajustes nos combustíveis e nos serviços pressionarem um realinhamento generalizado. Sim, o brasileiro voltará a conviver com o dragão da inflação e o Banco Central voltará a aumentar a taxa Selic. Em sentido contrário, o crescimento da economia será menor em 2008 e o balanço de conta-corrente será pressionado com a remessa de dólares ao estrangeiro. O Brasil finalmente sentirá os efeitos da chamada crise imobiliária mundial – não é atoa que a Caixa Econômica Federal teve de maquiar o balanço para esconder prejuízo histórico. A bolha Brasil será alfinetada.

ELEIÇÕES AMERICANAS

Graças ao fracasso do último mandato de George Bush – invasão pífia do Iraque, crunch no mercado financeiro, dívida interna estratosférica e outras mazelas farão o Partido Democrata sair vencedor na eleição presidencial. Hillary Clinton será eleita Presidente dos Estados Unidos da América. A agenda mundial sofrerá alterações significativas, a partir do pouso da águia e reavaliação da política externa americana. O petróleo continuará sua trajetória para cravar US$100,00 o barril. Hillary proporá uma América limpa – menos poluída (como o próprio Partido Democrata já encaminhou no Senado) -, menos belicosa – abandonará a doutrina do “eixo do mal” -, menos xerife – a alternativa será uma política de cooperação com a China, a Índia e a Rússia (quem diria?). A gestão da Senhora Clinton começará sob o signo da Paz – uma inversão do slogan à “guerra contra o terror”.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

O PMDB será o Partido que elegerá o maior número de prefeitos em 2008, embora não vença em nenhuma capital importante do país. As capitais de peso ficarão com o PSDB e o DEM. O PT amargará a quarta colocação no ranking de prefeitos. O resto comerá as migalhas. O tom das eleições será a apatia dos eleitores até o último instante. A Justiça Eleitoral será mais rigorosa e terá processos céleres na apuração de desvios eleitorais de abuso de poder e econômico. Infelizmente, não aparecerá nenhuma novidade no cenário político por causa da falta de renovação de lideranças – teremos os mesmos de sempre. A grande aposta é se haverá um ensaio para 2010 – ano de eleição presidencial, pois tem-se a impressão que o governo federal terminou e não tem mais nada a propor a sociedade – salvo a criatividade da máquina de propaganda petista, cujo apelo triunfalista já se mostra em esgotamento.


OLIMPIADAS DE PEQUIM

O mundo se curvará ao Império Chinês. O mundo dos esportes terá as Olimpíadas de Pequim. A China terá o maior número de medalhas de ouro – 40. Os Estados Unidos ficarão em 2º - 38. A Rússia em terceiro – 28. Japão em quarto – 17. Austrália em quinto – 15. Será o evento mais marcante do ano, porque coincidirá com o reconhecimento esfuziante do status de grande potência mundial da China. Seremos chineses desde criancinha, embora o dragão do Brasil seja diferente do dragão de lá. Mas, a China ensinará muito com os mascotes das olimpíadas: Beibei, um peixe que representa prosperidade e abundância; Jingjing, um panda com uma flor de lótus na cabeça, que simboliza alegria, felicidade e a interação do homem com a natureza; Huanhuan, a chama olímpica e a paixão pelo esporte; Yingying, o antílope, que simboliza a vastidão das terras nacionais e a saúde em harmonia com a natureza; e Nini, uma andorinha inspirada nas pipas chinesas, representa o céu e sorte para Jogos. Grande inspiração!

Friday, November 02, 2007

A Bolha Brasil



O intrincado sistema financeiro internacional coloca todos os paises em um imbricamento assustador. Os resultados da produção de ferro no Brasil têm reflexos na China e alhures; uma guerra entre a Turquia e o povo Curdo põe o Banco Central Europeu em polvorosa; o estouro da bolha imobiliária dos EUA arrasta instituições financeiras da Ásia a América Central; o projeto de enriquecimento de urânio no Irã catapulta o preço do petróleo de leste a oeste; e por ai vai a colocar todos os governos na defensiva contra o inimigo comum: o dragão da inflação. No pandemônio global, o consenso é o controle do excesso da liquidez ou de iliquidez monetária – tarefa para a qual os Bancos Centrais de todos os países são os responsáveis, e os Presidentes dessas instituições são os mestres de prestígio e poder – em que pese o brasileiro Henrique Meirelles só se assemelhe com o ex-presidente do FED, Allan Greespan, na calvície extensa. Agora o prestígio se disputa com Ben Bernanke, novo chefe do Banco Central Americano, com quem o brasileiro pode ficar aliviado pela concorrência fresca, e, se for da vontade, mostrar mais poder. Mas, o Real supervalorizado, a alta do preço do petróleo, o estado limite da infra-estrutura (energia, portos, aeroportos, estradas, tecnologia), a elevada dívida pública, a máquina administrativa inchada e corrupta, o sufoco da carga tributária, juros estratosféricos, o aumento na demanda de bens de consumo – provocada por aumento de renda sem contrapartida de produção -, entre outros fatores colocarão o BACEN sob teste na verdadeira crise financeira que se instalará em 2008 no Brasil.

A Bolha

O Banco Central do Brasil enfatiza o controle da inflação por meio da flutuação do câmbio e do regime de metas, e libera geral o negócio de criar crédito por qualquer tipo de instituição. Nas calçadas das metrópoles, os transeuntes são seduzidos a obterem empréstimos, renovação de empréstimos, transferências de dívidas de empréstimos, troca de tipos de financiamentos, assinaturas de cartão de crédito de lojas, telefone com créditos, subscrição de ações com crédito, cheque especial, crédito consignado em folha de pagamento, consignado em benefício previdenciário, em antecipação de 13º, e outras tantas formas crudélicas de conceder crédito. Se a coisa está assim com o crédito de pessoa física, imagine com as pessoas jurídicas. Para facilitar esse exercício, basta trazer o fato de o BNDES não ter mais dinheiro para emprestar em 2007, em razão de sua clientela historicamente privilegiada e os projetos falidos e apadrinhados pelo Governo Federal já terem levado tudo e há demandas pendentes. Mas o BNDES já providencia mais recursos por meio de empréstimo ao Banco Mundial. Em resumo, o BC continua a induzir agentes a criarem excessivos montantes de iliquidez, que será a causa básica da crise do sistema financeiro brasileiro em 2008, porque não previne a criação da Bolha Brasil, porque falha na supervisão de todas as instituições que estão na praça a criar crédito especulativo sem contrapartida de produção, e porque não aplica a necessária norma de provisão para créditos podres das instituições que rolam, a la volonté, o refinanciamento do refinanciamento do refinanciado. Ou seja, o papel efetivo do BACEN deveria ser mais complexo do que o atual regime de metas inflacionárias bitoladas. Henrique Meirelles pode justificar, com voz arrastada, monótona, meio cantante, sem nuances, que teria havido uma estranha coincidência conjuntural internacional, como se estivesse no papel da Sra. Martin da peça A Cantora Careca, de Eugène Ionesco, mestre do teatro do absurdo. Dormia com o dragão, mas não lembrava.

Monday, October 22, 2007

Máquina de Propaganda

Máquina de Propaganda: Privada no Público

Hermano Leitão

Ao avaliar as recentes respostas eleitorais, a ausência de mobilização popular e a moratória na intermediação da imprensa na formação da opinião pública, sociólogos deparam-se com o enigma do descolamento entre as perversões políticas e o comportamento refratário da maioria da população brasileira. O desvendamento deste aparente desvio moral talvez resida na confusão implantada pela máquina de propaganda do governo federal, que inculte a falácia do comportamento corrupto arraigado na natureza de todos os cidadãos, por meio de discurso em tom de ameaça: atire a primeira pedra..., ou, mais explicitamente, ninguém tem moral para argüir nada, porque os pecados de cada um seriam inconfessos. Difunde a fábula do “bom ladrão” - sobre aquele sujeito de desonestidade total e descarada que granjeou simpatia popular, ao criar nas pessoas, ao fim e ao cabo, a idéia errada de que ele havia de ser um refinado ladrão de passado bom -, e a teoria sobre o “bom selvagem” - todo indivíduo é bom, mas a sociedade o corrompe ao instigar seu patológico fureur de se distinguer. No entanto, não é válido que la garantie de l’obscurité seja usada para acumpliciar todos, pois a vida íntima dos cidadãos pode e deve ser indiferente para a república, e isso resulta da separação estrita entre o público e o privado. Nas palavras de Hannah Arendt: “O segredo do início e do fim de uma vida mortal só pode ser assegurado onde a claridade da dimensão pública não penetra.”

O jogo da luz e da sombra

Por óbvio, o individuo não vive inteiramente na sombra, mas exige, como garantia de sua existência na pátria comum, a proteção de sua identidade e a privacidade ante o olhar dos concidadãos e à ameaça da intervenção do Estado. Como condição para a fusão perfeita do cidadão com o corpo político, a república só se realiza quando a sociedade do direito contratual se torna uma substancial comunidade ética. Nesses termos, a publicidade republicana confia exclusivamente no voto silencioso do cidadão de bom senso, cuja responsabilidade só aumenta diante do fato de haver criminosos ou suspeitos em altos postos da hierarquia política. Ao assumir esse encargo, e apenas desse modo, o cidadão estará imune à sua banalização no âmbito da competição pública das palavras e dos atos.

Em contrapartida, a metáfora republicana de luz e sombra deve ser amplificada com força solar sob os atos dos agentes públicos, sob pena de se legitimar o governante fripon par necessité - mais conhecido hoje como populista malandro. Ética, moralidade, legalidade e outros princípios devem iluminar radiantemente a vida pública, a fim de se evitar a redução da esfera pública do Estado somente ao governamental, ao administrativo e à burocracia aparelhada por partido político, nessa ordem sintética. Impõem-se, portanto, a primazia dos interesses da comunidade livre dos cidadãos aos seus representantes, a quem entrega a chave do Erário e a honra da Pátria.


A contrapropaganda

Se o governante justifica seus “erros” na esfera pública com o façon de vie (“jeitinhos” ou vício de “tirar vantagens”) do petit bon homme, necessária a contrapropaganda eficaz. Se ela não existe, chega-se a conclusão de que o descolamento enigmático é uma conseqüência da falta de oposição política que não aceite o libera geral, o topa tudo por dinheiro. Em outros termos, não há falência nem moratória na intermediação da imprensa. A mídia tem posto de forma racional e frontal as contradições, crimes e traições do governo com suas propostas de campanha – são fatos e informações. Não é papel da imprensa mobilizar o povo. A sociedade civil se mobiliza, quando há representação política forte, objetiva, para ser alternativa de suas reivindicações. Então, a armadilha está posta: o homem, o petit bon homme, se revela à luz do público no seu voto silencioso e, à luz do público, a finalidade da política permanece às escuras.

Sunday, September 23, 2007

Legislativo, a lavanderia do Executivo


A perversão de nosso mundo político está na aceitação pública e tácita de todas as mentiras empacotadas em peças publicitárias remuneradas em offshores, que aniquilam as estruturas do poder democrático. Sob o manto da urgência ou risco de inércia na adoção de medidas salvadoras, governos justificam coalizões, alianças e votações, que, invariavelmente, redundam em concentração de poder, gigantismo econômico do Estado e corrupção endêmica na máquina administrativa. Nesse ideário, o Poder Legislativo em todas as esferas nacionais transformou-se em lavanderia do Poder Executivo.

O Legislativo não legisla nem fiscaliza, endossa medidas provisórias. Seus membros são propagandistas a la duseldorfianos das improvisações em tão alto grau de entupimento que não lhes resta tempo de formular Leis. Na onda retumbante e triunfalista, são meros autorizadores do que lhes bufa o laundering King. O Poder Legislativo torna-se, então, um apêndice imantado no assento da cadeira do Chefe do Executivo, que legisla sobre o aparelhamento partidário do Estado uníssono e impede a fiscalização de seus atos por conta da autorização subornada ou do concurso permanente, organizado e habitual de associados, para financiar o cassino das campanhas eleitorais e lavar ativos em paraísos de brancura.

A lavagem a seco, a frio ou a quente é um método quotidiano de todos os atos, de todos os discursos, de todas as trocas negociadas, cujo cenário se confina a um palanque eleitoral. Tudo tem de ficar brilhante para a próxima eleição. Assim, a máquina de lavar centrifuga as tretas e escoa a sujeira ralo abaixo. Algumas manchas, porém, são resistentes e, às vezes, se espalham. O que fazer com uma mancha que não sai do lugar? Talvez deixar exposta ao tempo para ficar rota ou contar com um informante do tipo Garganta Profunda que indique a origem ou o caminho da mancha. Mas se a mancha ameaçar a se espalhar? Nesse caso se aplica um corante de preferência de coloração verdinha na trouxa inteira, porquanto, para os legisferantes, vale tudo para manter o poder do branqueamento.

De fato, há branqueadores de poder de um branco total ou, pelo menos, a propaganda assim os embala, por terem cada vez mais poder concentrante, de preferência nacional quase unânime, não fosse o preço que se paga, pois toda e qualquer lavagem votada tem alto preço - ainda mais quando se trata de roupas sujas oriundas do troca-troca, da orgia da infidelidade e de recursos oriundo dos Sanitary Cleaning Shops. Em outras, quanto mais poder tem o Chefe, mais chifre. Lavar, pois, é tornar cândido, por isso se destina a candidatos, que hão de se pendurar no Gigante alvejante, todo poderoso, grande negociador, ainda que por dias diga que nada sabia, com ares de Bufão, dissimulado, indecente, travestido de fanfarrão e bravateador.