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Sunday, October 15, 2006

ELEIÇÃO SOB SUSPEIÇÃO

Eleição sob Suspeição

Hermano Leitão

Há duas semanas para o segundo turno das eleições presidenciais, paira no ar a suspeição sobre a legitimidade política de um dos concorrentes: de Luis Inácio Lula da Silva, que, pela lógica, parece ter mais possibilidades de angariar a maioria dos votos, em virtude de precisar de menos eleitores que Geraldo Alckmim. A origem do dinheiro que financiou a compra do dossiê fajuto contra o tucano, a utilização de dinheiro público para superfaturamento e distribuição de “cartilhas” de propaganda do governo, entregues ao PT, a participação do chefe de Estado na quadrilha do “mensalão”, o envolvimento de ministros e servidores públicos no golpe dos “sanguessugas”, o uso da máquina administrativa federal na campanha eleitoral, o terrorismo de boatos e mentiras, o uso do “bolsa família” em abuso de poder econômico, e tantos outros crimes podem revelar o mandante dessas “operações” depois do sufrágio eleitoral de 29 de outubro, bem como provocar a impugnação do mandato eletivo de Lula, caso seja eleito.

A origem do dinheiro

Como Lula não sabe da origem do dinheiro sujo? É acintosa não só a lentidão das investigações da Polícia Federal sobre a origem do dinheiro sujo na compra do dossiê, mas, também, a mentira de que Lula não sabia. Ricardo Berzoine, presidente do PT e coordenador da campanha de reeleição de Lula está envolvido até o pescoço com os petistas presos e teve conhecimento das operações. Freud Godoy, outro envolvido, era assessor especial de Lula. Jorge Lorenzetti, o churrasqueiro oficial de Lula, também envolvido, era o responsável pela “inteligência” da campanha, que, trocando em miúdos, organizava o terrorismo contra os opositores. Aloízio Mercadante, líder do governo no Senado e candidato derrotado ao governo de São Paulo, já não tem mais como negar seu conhecimento sobre o crime e sua participação também segue desnublada, porque Hamilton Lacerda, seu coordenador de campanha, já foi indiciado. Até o marido da secretária de Lula, o Osvaldo Bargas, se envolveu nesse terrorismo. E ainda tem aqueles outros sindicalistas da CUT (Gedimar Passos e Cia) que participaram ativamente do crime. Esse alopramento magnânime não seria comunicado – para não dizer arquitetado – pelo maior megalomaníaco deste país?

Abuso de poder

Há uma relação direta entre os eleitores de Lula e os beneficiários do programa “bolsa família”, conforme atestam os resultados das eleições de primeiro turno. Conforme divulgado pela Folha de São Paulo: “Nos Estados do Nordeste, entre 42,1% e 50% da população vive em famílias atendidas pelo Bolsa Família. Na região, 46% dos trabalhadores e beneficiários da Previdência recebem salário mínimo. Lula teve de 56,1% a 80% dos votos válidos no Nordeste, seus recordes. Na região Norte, onde o Bolsa Família atinge entre 26,1% e 42% da população e o salário mínimo, 31% dos trabalhadores e beneficiários da Previdência, Lula teve entre 44,1% e 68% dos votos válidos.” O problema é que o candidato petista usa o programa de transferência de renda para comprar votos, seja na veiculação em programa eleitoral, seja no terrorismo da boataria de que seu opositor vai acabar com o programa. Marta Suplicy e Tarso Genro comandam os boatos, além de explícito pronunciamento de Lula na televisão. É um flagrante abuso de poder econômico, pois influencia a disputa eleitoral e vicia a vontade do eleitor a ponto de desequilibrar o pleito.

"(...) 1. Configurada a conduta vedada (art. 73 da Lei no 9.504/97), incide a sanção de multa prevista no seu § 4o. Além dela, nos casos que o § 5o indica, o candidato ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma. Não se exige fundamentação autônoma. 2. A Lei das Eleições veda 'fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo poder público' (art. 73, IV). Não se exige a interrupção de programas nem se inibe a sua instituição. O que se interdita é a utilização em favor de candidato, partido político ou coligação. (...)" NE: "O e. Ministro Carlos Mário Velloso afirma, com propriedade que houve abuso do poder político. E houve. É sabido que as condutas vedadas são modalidades tipificadas do abuso do poder de autoridade. É o quanto basta." (Ac. no 21.320, de 9.11.2004, rel. Min. Luiz Carlos Madeira.)
Ferreira Gullar
Na Folha de São Paulo, Ferreira Gullar: “E como se não bastasse, veio o escândalo do dossiê, para espanto geral. E o que são agora os boatos de que Alckmin iria privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil, senão a mesma guerra suja? Muita gente se pergunta: eles são aloprados? Não, não são aloprados; são corruptos, são viciados em corrupção. O debate da Band revelou outro escândalo: o autor da boataria das privatizações é o próprio Lula! É que eles não conseguem conter-se, como o escorpião que pica a jia, mesmo sabendo que vai afundar junto com ela. A corrupção é sua segunda natureza.”


Thursday, October 05, 2006

LULA PERDEU

Lula Perdeu

Hermano Leitão


O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais revela que 63% dos eleitores não votaram em Lula. Esse dado é extremamente relevante, porque o Apedeuta gosta de se comparar com FHC, que ganhou a eleição em primeiro escrutínio. O Estado de São Paulo,o dossiegate e a cisão do Brasil estão, de um lado, no cerne desse resultado amargo para Lula; as estratégias para o segundo turno e o indício de uma onda nacional anti-Lula, do outro lado, são os assuntos em reflexão em curso.

São Paulo

O fiel da balança no resultado das eleições foi o eleitorado paulista, que consagrou Geraldo Alckmim. O PT tinha consciência desse fato desde o início da campanha e resolveu jogar sujo e pesado, para macular os tucanos. Primeiro foi o envolvimento de petistas nos atentados criminosos do PCC na capital paulista a partir do mês de maio. Não deu certo porque a população desconfiou da presença de perueiros e se sentiu vitimada por uma ação de bastidores políticos. Segundo foi o flagrante da operação criminosa para forjar um dossiê contra os tucanos. Não deu certo em razão do próprio flagrante e da revelação dos envolvidos que colaram no próprio Lula. A resposta foi bem dada e parece estar consolidada.


Dossiegate


Outro fator central na derrota do Presidente foi o escândalo do chamado dossiegate, que, alias, renderá ainda mais desgaste para a campanha lulista, a partir do desenrolar das investigações que caminham para o esclarecimento da origem do dinheiro sujo. É fato que só petistas manipularam a montanha de reais e dólares. Resta saber de onde eles obtiveram os recursos e como fazem a lavagem do dinheiro. O Banco Sofisa já passou as corretoras e casas de câmbio que entregaram os dólares. A origem dos reais ainda são um mistério. As prisões que vão ocorrer durante a campanha do segundo turno farão não só a manutenção da pauta sobre essa operação criminosa, mas, também, um estrago na figura do Apedeuta.


A onda anti-lula

O resultado das eleições também revelou uma cisão do eleitorado nacional. Enquanto o Sul, Centro-Oeste e parte do Sudeste consagraram a opção por Geraldo Alckimi, o Norte e Nordeste optaram por Lula. Os trackings realizados agora mostram o crescimento de uma onda anti-lula no pais, que pode unificar a preferência nacional, a partir do fogo morro acima - do sul para o norte. Nesse caso, os formadores de opinião, sobretudo a classe média, têm papel preponderante na disseminação dessa onda por meio da transmissão do conteúdo do “vale tudo” do PT. Não menos importantes são as alianças partidárias que os candidatos farão para uniformizar a preferência de consenso nacional. Ainda, a nova composição do Senado federal milita a favor de uma melhor governabilidade do Brasil com Geraldo Alckmim, em virtude de o PSDB, PFL, PPS e PDT serem a maioria esmagadora da Casa. Os Senadores também têm, nesse momento, papel institucional histórico na manutenção de princípios democráticos e fiscalização do regular do funcionamento das instituições e órgãos de policia, como a Polícia Federal. Que se torça pela unificação do país pela decência, sob pena de continuar lascado.